18 de dezembro de 2009

Entrámos na temporada dos jantares de natal

Esta semana tive o típico jantar em que só nos encontramos uma vez por ano para pôr a conversa em dia e saber as novidades (leia-se coscuvilhar). E as novidades, invariávelmente, resumem-se a: casórios (ou então quando é que se casam), bebés (ou então quando é que têm) e divórcios (poucos por enquanto).
Esta coisa do divórcio ao fim de pouco tempo faz-me imensa confusão, não percebo como é possível e basicamente tenho imenso medo que me aconteça a mim. Sim, porque se há coisa que aprendi na vida, foi que se acontece aos outros também acontece a mim. Gostamos sempre de pensar que não, nós nunca faríamos isso, ou a mim nunca me aconteceria tal coisa. E deve ser por isso que quando a tragédia acontece na casa do vizinho gostamos de saber todos os pormenores (é a única razão que eu vejo para a audiência da TVI) para no final podermos suspirar aliviados “não, eu nunca faria tal coisa”. Em vez de pensarmos: “uau, afinal a minha vida é maravilhosa”.
E é por isso que eu quase todos os dias (ia escrever todos, mas não estaria a ser honesta) agradeço a Deus a sorte que tenho.

11 de dezembro de 2009

Segundo parece estou ausente há 5 meses…
Neste tempo a minha vida não mudou muito, só um bocadinho. Agora sou mãe de dois, dois anjos celestiais como diz a avó!
De resto, vou aprendendo a viver um dia de cada vez. O António continua nos seus altos e baixos acompanhado da epilepsia que não o deixa desenvolver-se como nós gostaríamos. Apesar disso tem feito progressos que nos deixam maravilhados (e a ele baralhado com a reacção excessiva): já começa a dizer as suas primeiras palavras e percebe bem mais de metade do que dizemos.
Enfim, dois anjos na minha vida.

2 de julho de 2009

O meu silêncio aqui é fruto de um procurar fazer silêncio no meu coração.
Silêncio para parar, não pensar e absorver.
Absorver o tanto que a vida me tem dado e procurar fazer o melhor que posso, para mim e para os outros.
O António tem problemas no desenvolvimento, não sou eu que o digo, foi encaminhado e já está ser acompanhado pelos técnicos da Intervenção Precoce (até aos 3 anos).
Toda esta nova realidade de um menino que nasceu saudável, vai sendo absorvida pelo meu coração e com o tempo vou sabendo readaptar as minhas expectativas. Aquelas expectativas que qualquer mãe tem para o seu filho: o de querer o melhor para ele. E é isso que eu quero para o meu filho, o facto de ele não ser igual aos outros não altera nada.
Como dizia um pai de uma menina com cancro, em jeito de conclusão após elencar uma série de sequelas que não a deixam ser igual às outras meninas da idade dela, “ela tem o amor dos pais que vale o que vale”. E Amor o António terá sempre, muito.

30 de abril de 2009

A semana passada o António teve alta da consulta de imunodeficiência (não descobriram problema nenhum no sistema imunitário dele). Que bom!
No mesmo dia soubemos que o serotipo do pneumococo que causou esta confusão toda foi o 19 A que não estava incluído na vacina que ele tinha (Prevenar), mas parece que no final do ano a nova vacina já incluirá este serotipo. Outra boa noticia!
A resistência deste tipo de pneumococo aos antibióticos parece explicar a gravidade da infecção no António.
E assim começam a diminuir as idas regulares ao Hospital Pediátrico!

27 de abril de 2009

À segunda-feira de manhã custa-me sempre sair de casa (já para não falar no sair da cama…). Custa-me deixar o António a dizer adeus com a mãozinha esquerda e com os olhinhos triste de quem sabe que vão começar outra vez os dias longos sem os papás.
E que nada há a fazer a não ser esperar que as horas passem, voem bem depressa.

O meu filho está com o desenvolvimento atrasado: não diz uma palavra e tenho dúvidas que perceba metade do que lhe vamos dizendo. Mas não podia estar mais lindo e ser mais amado!

15 de abril de 2009

O meu circulo nº1

Ou as pessoas sem as quais eu não saberia viver... Falta uma, a que ainda trago dentro da barriga e só tem uns meros centimetros...

13 de março de 2009

Degrau a degrau

“Cada dia é um novo dia. Lá recomeçamos nós, mas com mais alegria ou com mais pesar. Terá a vida de ser um pesadelo repetido que se vence andando distraído ou fugindo para a frente? Não acreditamos na vida, ou seja, que ela realmente valha a pena como construção ou serviço que nos torna humanos? Ou será que se pensa que a vida é um castigo ou um azar em que alguns espertos se safam? Mas é por pouco tempo, qualquer um pode morrer já amanhã.”
Vasco P. Magalhães, sj, “Onde há crise, há esperança”

O António, depois de um período menos bom na curva dos altos e baixos da vida, já voltou à fase ascendente e vai recuperando aos poucos e poucos a sua habitual boa disposição. É vê-lo andar pela casa toda a passear e a trautear a sua conversa ininteligível. Por isso hoje começamos o dia cheios de alegria.

2 de fevereiro de 2009

O António deu os seus primeiros passinhos este fim de semana.
Não sei quem ficou mais contente, se ele se os papás e os avós!

28 de janeiro de 2009

Optimismo

Ultimamente têm me feito pensar nesta coisa do optimismo.
Li o seguinte aqui:

O que está meio turvo ou nos parece incerto assusta e faz-nos descrer, mas vale a pena sublinhar que o optimismo passa por olhar para a realidade tal como ela se nos apresenta, seja fácil ou difícil, com ondas ou sem ondas, de 'pés para cima ou pés para baixo' e perceber que mesmo quando não estamos a ver bem ou está tudo muito escuro, há sempre uma saída. Se não baixarmos os braços nem desistirmos de acreditar , se não tivermos medo de pedir as ajudas certas e de partilhar aquilo que nos inquieta, encontraremos certamente soluções.

Eu sempre me considerei uma pessoa muito optimista. E continuo.
Com a certeza que seja o que for que o futuro incerto do António lhe trouxer, nós cá estaremos para o amar cada dia mais e mais.
Obrigada por nos ajudarem.

19 de janeiro de 2009

Afinal as expectativas não eram assim tão irrealistas...

...e o António está muito melhor. Na 6ª fomos fazer o EEG e a medicação está a fazer efeito e por isso já não faz as pequenas crises de epilepsia que fazia.
Iupii!!

9 de janeiro de 2009

Ainda a propósito do novo ano...

"É o momento de sonhos e projectos de uma mudança legítima de tudo aquilo que nos perturba ou que nos incomoda. (....) No entanto, há um desejo que gostava de deixar: a paciência para com os nossos desejos. Não a paciência de quem desconfie que eles não se venham a realizar, mas a paciência de quem acredita que eles para ganhar forma precisarão de tempo.
(....) A vida nova leva mais tempo que a mudança para o ano novo."

Esta parece-me uma resposta quase perfeita às minhas inquietações. São os Toques de Deus.

Novo ano

O último mês do ano correu bem, com a vida a regressar à normalidade (a força da segurança das rotinas é impressionante) e o António a melhorar a olhos vistos, voltei a sentir a vida a pulsar na minha alma de novo.
Mas as expectativas para o ano que agora começou eram muito grandes e ao fim de pouco mais que uma semana passada deste novo ano começo a sentir as minhas expectativas irrealistas e não consigo evitar as lágrimas que insistem em querer deixar os meus olhos aguados ao menor pretexto.
Sempre achei muito exagerado as mães que insistem em comparar façanhas e vivem amedrontadas porque os seus rebentos ainda não fazem o pino, mas agora que as palavras “atraso no desenvolvimento” pairam na vida do António já não acho tão ridículo e não consigo evitar ficar preocupada com o meu pequenino.
Bem sei que tenho que dar tempo ao tempo e esperar com calma e paciência, mas esta incerteza mata-me e calma e paciência são duas qualidades que não fazem parte da minha lista. Infelizmente...