No workshop de escrita criativa que fiz com o Pedro Sena-Lino da Companhia do Eu ficamos de escrever, para trabalho de casa, as nossas histórias do género "A minha primeira viagem".
Eu resolvi escrever sobre algo que me atormentou durante muitos anos, a que chamei "O meu maior pecado".
Começando pelo principio: Eu, como quase toda a gente da minha geração, andei na catequese, sabe Deus porquê, quando era pequenina. De pouco ou nada me lembro e que falta me faz agora que sou catequista e a minha ignorância é imensa!
E eis que, chegou o grande dia da primeira comunhão, em que finalmente ia usar aquelas meias brancas e rendadas, lindas de morrer e muito confortáveis ao pé.
Mas alto lá que antes há que confessar todos os nossos medonhos e grotescos pecados. Não, pensavas que era só passeares-te com o teu lindo vestido rosa, meia branca, sapato a dar-te cabo dos pés e tu com cara angélica! Nah, nah.
Há que confessar todos os horríveis pecados: muitas palavras feias e nomes feios que chamava aos meus irmãos e nada mais nada menos que gamei uma borracha lá na escola a uma coleguinha. Mas na hora da verdade achei que esse pecado era tão mau para confessar que resolvi aligeirar a coisa tendo mencionado que tinha encontrado uma borracha que não era minha e que foi parar ao meu bolso, mas eu nem queria nada!
Não contente com ter gamado a dita borracha (daquelas verdes sem graça nenhuma, se fosse das cheirosas ainda se compreenddia, mas das verdes?!) ainda menti ao Sr. Padre e mais grave ainda comunguei o corpo de Cristo com estes pecados todos no meu coração.
Claro está que vivi anos e anos apoquentada com esta falta grave e sem nunca me saltar à vista como redimir-me deste vil pecado.
Passado anos e anos a oportunidade chegou. Andava eu nos Escuteiros e lá tive que voltar à catequese (entretanto já tinha saído) e à missa. Por ocasião de uma data especial (provavelmente a Páscoa) fui obrigada a confessar-me e finalmente pude aliviar a alma deste peso que me perseguia. Qual não é o meu espanto quando o Sr. Padre me manda rezar apenas meia dúzia de Avés Marias e um Pai Nosso! Sinceramente achei que ele tinha sido muito condescendente e que não devia ter percebido muito bem o que lhe tinha dito.
Só passados muitos anos consegui contar a rir-me desta história e jurei a mim própria que iria ter um papel activo para evitar que outras crianças vivessem atormentadas com o bicho papão do "Pecado" no coração.
Deve ser por isso que hoje sou catequista!
1 comentário:
Que bela gargalhada acabei de dar!
A vizinha de cima deve ter ouvido...
Continua!
bj :)
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